Que
gosto têm as nuvens?
Pai,
que gosto têm as nuvens? – Perguntou o garotinho de sete anos, do banco de trás
do carro.
Era
um lindo dia de sol. O céu azul fazia um fundo luminoso para as brancas nuvens
que desfilavam lentamente pelo espaço.
O pai
foi pego de surpresa. Sua mente não estava nas nuvens. Estava no trânsito, nas
coisas a fazer, nos problemas a resolver.
A
força da gravidade exercida sobre o pai não era a mesma que atraía o filho para
o centro da Terra.
O
menino pensava no gosto das nuvens... O pai pensava em chegar logo em casa.
Mas,
certas perguntas das crianças têm poderes mágicos! E essa fez com que ambos,
pai e filho, desejassem estar mais próximos das formações nebulosas do céu de
anil.
O pai
sorriu. Adorou a pergunta. Não era nada lógica, e seu dia havia sido cem por
cento lógico, racionalizado.
Ele
topou o desafio e flutuou com o filho pelos ares, naquele final de tarde
ensolarado.
E os
dois começaram a apresentar suas ideias...
O pai
partiu do conhecimento que tinha e falou do vapor da água. O menino não gostou
muito da proposta e, logo estavam em outro mundo, falando de algodão doce, de
lã, e tantas outras coisas maravilhosas que foram surgindo por ali.
O
filho terminou dizendo, categórico: É, pai, acho que as nuvens têm gosto de
branco.
Acho
que você está certo, meu filho... Acho que você está muito certo...
Ao
final da conversa, estavam gargalhando e pousaram de volta dentro do carro, a
caminho de casa.
O pai
gostou tanto da brincadeira e estava tão feliz que, quando estavam quase
chegando, voltou-se para o filho e perguntou: Filho... Que cheiro será que tem
o sol?
Os
tesouros da terra são frágeis realmente. Vemos isso todos os dias. Pequenas
quantias, quanto grandes fortunas mudam de mãos, em um piscar de olhos, das
mais diferentes formas possíveis.
Porém,
o tesouro dos sentimentos nobres, representado, pela palavra coração, esse é
indestrutível, não muda de mãos, pois nem sequer está nas mãos. É como o gosto
das nuvens.
Breves
instantes de alegria, de conversa amigável com um filho, a esposa, o pai, é
tesouro que as traças nem a ferrugem consomem.
Assim,
não permitamos que a agitação dos dias nos leve para longe de nós mesmos, nos
leve para longe de nossos amores, pois sabemos que, muitas vezes, estamos
próximos fisicamente, mas muito distantes...
Reservemos
tempo para os passeios pelas nuvens, para os instantes de descontração, sem a
ameaça da contagem regressiva de um relógio.
Descobriremos
que as nuvens têm um gosto maravilhoso, que o sol tem um perfume sem igual, e
que as risadas de nossos amores ficam gravadas na alma por toda a eternidade –
tesouros do coração.
Pai,
que gosto têm as nuvens?
Adoro essas perguntinhas, faz a gente parar e pensar =)
ResponderExcluirgrato, demonstra quanto você é doce e sensível
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